quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O fecho de uma "empresa única"

Continuam a avolumar-se as consequências da crise económica que nos assola e que veio para ficar. Hoje é a vez da Silva & Sistelo, 55 anos de vida, proprietária das conceituadas marcas de vestuário maculino Bruno Belloni e The Board, fechar as suas portas na sequência de uma declaração de insolvência em Dezembro passado. A incapacidade de travar a perda de grandes encomendas e a dificuldade em encontrar parceiros financeiros para dar continuidade ao negócio e ambiciosos projectos em curso terão estado entre as principais causas pelo encerramento desta histórica têxtil familiar de Rio Tinto (em Gondomar), que deixa 140 trabalhadores no desemprego.

Com os prejuízos a crescerem de ano para ano, com as lojas da marca num crescendo insuficiente, esta foi uma decisão para muitos inesperada, mas que há já alguns meses pairava como realidade para quem vivia o drama por dentro. Em comunicado, José, Luís e Paulo Sistelo assumem "responsabilidades pelo insucesso da estratégia", desculpando-se publicamente pelos danos causados a terceiros. De acordo com a administração cessante, os investimentos e os projectos "ainda hoje reconhecidos por todos os especialistas como inteiramente válidos e actuais" acabaram por "esbarrar com a incapacidade financeira em prosseguir". Impotente para inverter o quadro de falência da empresa, os responsáveis escrevem em comunicado que gostariam que o seu "exemplo possa servir de reflexão para quem possa, no futuro, alterar as políticas económicas que desempregam excelentes trabalhadores e condenam de forma definitiva toda uma geração de empreendedores".
Lê-se ainda no comunicado que "a situação actual dos mercados internacionais, a realidade actual do sector bancário, a lentidão da máquina pública, a mudança constante dos decisores em institutos públicos com incompreensíveis mudanças de critérios, o cumprimento rigoroso das responsabilidades fiscais e um sector de vestuário que não está na moda foram contributos determinantes para o encerramento da empresa". Sem dívidas ao fisco nem à Segurança Social, a empresa tinha como principais credores a banca, fornecedores e trabalhadores.

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