segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

"Dressmaker Extraordinaire"



O Governo da Grã-Bretanha está a tentar por todos os meios manter no país uma colecção de vestidos raros de haute couture comprados por um investidor privado britânico entre 1929 e 1938. A ministra da Cultura, Barbara Follett, vetou até 22 de Abril deste ano a exportação dos 11 vestidos assinados pela criadora francesa Madeleine Vionnet, na esperança de um museu britânico avançar até lá com o preço de licitação de 450 mil libras. Numa altura em que os pormenores relacionados com a venda se mantêm confidenciais, pensa-se que o Musée des Arts Décoratifs de Paris esteja a tentar comprar os vestidos junto do actual proprietário. O museu, ao qual Vionnet legou todas as suas criações, em 1952, está a organizar para o mês de Junho uma grande exposição dedicada à estilista.

Contemporânea de Coco Chanel, Vionnet é considerada uma das grandes costureiras do século XX. O seu famoso e vanguardista corte em viés, as suas peças livres e maravilhosos drapeados inspiraram o trabalho de designers modernos como Azzedine Alaia, Issey Miyake e John Galliano. Não obstante a fama que Madame Vionnet desfruta no Reino Unido, os designers e especialistas de moda do país mostram-se divididos: enquanto uns defendem a permanência, referindo tratarem-se de objectos lindos e de grande valor para os estudantes de moda e história social, outros mostram-se contrários à manutenção em Terras de Sua Majestade.

Com a sua apurada técnica de corte, Vionnet dominou o cenário de haute couture na década de 30, impondo tendências com os seus sensuais vestidos usados por estrelas como Marlene Dietrich, Katherine Hepburn e Greta Garbo. A sua visão da silhueta feminina revolucionou o vestuário moderno e o sucesso dos seus cortes asseguraram-lhe um lugar no Olimpo dos costureiros. Lutou pela legislação de direitos de autor na moda e empregou práticas laborais consideradas revolucionárias para a época: férias pagas e licença de maternidade, infantário, cantina, médico residente e dentista. Apesar de a Segunda Guerra Mundial a ter forçado a encerrar a sua casa de moda, em 1939, Vionnet serviu de mentora para toda uma geração de costureiros, passando-lhes os seus princípios de elegância, movimento, forma arquitectural e estilo intemporal. Em 1988, a casa com o seu nome foi trazida de novo para a vida pela família Lummen, passando a especializar-se em acessórios e artigos de luxo. Em 2006 a Vionnet nomeou uma nova directora criativa, a designer Sophia Kokosalaki, lançando nesse ano uma colecção inaugural de vestuário: a primeira em 67 anos.

"When a woman smiles, then her dress should smile too". - Madeleine Vionnet (1876-1975)

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